Fotos: Carlos Marques
terça-feira, 3 de março de 2009
No trabalho que a Oficina do Feltro desenvolve com a lã e com as plantas tradicionais aromáticas pretendemos evocar os caminhos da transumância, quando os rebanhos desciam da serra até ao alentejo, no inverno, à procura de novos pastos, fazendo o caminho inverso no verão. Períodos houve, na história portuguesa, em que a lã tinha um tão grande valor para a produção de têxteis que o Rei chegou mesmo a proibir o abate de ovelhas para a comercialização de carne.
No numeramento de D. João III, em 111 vilas “Damtre Tejo e Odiana”, as rendas sobre o “verde montado” são citadas em apenas quinze, a saber: (...) “Villa Decasevyr” (Casével), “Villa Douryque” (Ourique), “Villa de Crasto Verde” (Castro Verde), “Villa de Emtradas” (Entradas),( ...)
Assim, propomos uma nova utilização da lã, para produzir igualmente um têxtil, mas desta vez o feltro, através da recuperação e da reivenção das formas tradicionais de trabalho com a lã, nomeadamente no modo de fazer feltro, a partir, por exemplo, das práticas dos pastores mongóis, eles próprios praticantes da transumância.
No numeramento de D. João III, em 111 vilas “Damtre Tejo e Odiana”, as rendas sobre o “verde montado” são citadas em apenas quinze, a saber: (...) “Villa Decasevyr” (Casével), “Villa Douryque” (Ourique), “Villa de Crasto Verde” (Castro Verde), “Villa de Emtradas” (Entradas),( ...)
Assim, propomos uma nova utilização da lã, para produzir igualmente um têxtil, mas desta vez o feltro, através da recuperação e da reivenção das formas tradicionais de trabalho com a lã, nomeadamente no modo de fazer feltro, a partir, por exemplo, das práticas dos pastores mongóis, eles próprios praticantes da transumância.
Compra Culta
Artes da Terra
Artes da Terra
Comprar e comparar: eis duas palavras com a mesma origem latina. Não são longínquos os tempos em que cada compra merecia excursões a vários pontos de venda e muita conversa de mercar pelo meio. Ao criarmos uma narrativa, logo uma relação, em torno dos produtos artesanais que fabricamos, é nosso desejo colocar um grãozinho na engrenagem dos mundos onde tudo está à venda e colocar na mão de quem os adquire um pedaço da história do saber fazer antigo e um bocado do prazer do fazer agora. E que saber e prazer possam inspirar valores de uso e vontades de usar que não se esgotem no triste valor de troca...
A ciência permitiu-nos tocar de perto aquilo que a poesia há muito suspeitava, a saber: a presença do infinitamente grande no infinitamente pequeno e vice-versa. E é também por isso que acreditamos que cada matéria é portadora de formas antigas, esquecidas, extintas ou silenciadas. Talvez seja portadora de futuras formas. Cada fio de lã transporta em si a memória da transumância, enquanto forma original de relação do homem com o território, do homem com os animais, do homem com a sua inesgotável solidão. Não se trata pois de ressuscitar passados, mas de apurar a nossa capacidade de escutar as coisas, a fim de que elas deixem de ser objecto de pura predação e as possamos transformar em bem comum.
Regina Guimarães
Regina Guimarães
Novelinhas
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